Eletrocardiógrafo
e monitor cardíaco
Elaborador
por:
Profa. Dra. Vera
Lúcia da Silveira Nantes Button
Introdução
Eletrocardiógrafos: detectam os sinais
elétricos associados à atividade cardíaca e produz o eletrocardiograma, ECG, um
registro gráfico de tensão elétrica em função do tempo.
A atividade elétrica do coração humano
pode ser detectadas na superfície do corpo (amplitude em torno de alguns
minivolts) e registrada no eletrocardiograma.
Eletrocardiograma: o ECG constitui um dos
mais úteis métodos não-invasivos de diagnóstico médico. O ECG é usado para
diagnosticar e acompanhar a evolução de arritmias cardíacas e diversas outras
patologias do coração. Pode ser obtido no consultório médico, durante um exame
de rotina (12 derivações), com o
paciente em repouso, para diagnosticar problemas cardiovasculares.
Monitor eletrocardiográfico: usado
principalmente no centro cirúrgico e UTI. O ECG pode ser obtido continuamente
(são necessários pelo menos dois eletrodos de registro e um terceiro de
referência) para monitorar a função cardíaca (freqüência de batimento) do
paciente. Geralmente está associado à monitoração de outros parâmetros vitais,
tais como taxa respiratória, pressão sanguínea, debito cardíaco, oxigenação do
sangue, etc.
Histórico
1872: Gabriel Lippmann inventa o
“eletrodo capilar” (capilar de vidro com Hg e H2SO4 cujo
menisco de vidro era lido com microscópio);
1981: as três fases da atividade
cardíaca, denominadas ondas P e T e complexo QRS, são descritas (Burdon –
Sanderson e Paige, em animais; Waller em humanos);
1985: Willen Einthoven aperfeiçoa o
eletrodo capilar e descreve as cinco deflexões;
1897: Clement Ader cria o galvanômetro de
corda;
19901: Einthoven constrói o primeiro ECG
com galvanômetro de corda;
1903: Einthoven vende o primeiro ECG
comercial
1905: Einthoven transmite sinais de ECG
do hospital para o laboratório por telefone;
1906: Einthoven publica o primeiro Atlas
com ECGs normais e anormais diferenciados para ventrículos e átrios, do lado
direito e do lado esquerdo;
1912: Einthoven descreve o triângulo
eqüilátero formado pelas derivações I, II e II
e introduz os eletrodos de imersão;
1917: utilização dos eletrodos de
registro de metal com algodão embebido em solução salina;
1924: Einthoven ganha o premio Nobel por
inventar o eletrocardiógrafo
1932: Charles Wolferth e Francis Wood
descrevem o uso clinico de derivações no peito (V e V16);
1938: utilização das válvulas e TRC (tubo
de raios catódicos) para amplificar e visualizar os sinais
eletrocardiográficos;
1942: Emanuel Goldberg acrescenta as
derivações aVR, aVL, e aVF completando as 12 derivações utilizadas até os dias
atuais;
anos 40: surge o primeiro monitor por
telemetria. Usava tubos de vácuo era muito pesado, sendo de utilidade em estudo
de “stress”;
1950: primeiros eletrocardiógrafos
transistorizados;
1961: N. J. Holter cria o primeiro ECG
portátil;
1966: utilização de computadores IBM para
reconhecimento de padrões para diagnóstico automático;
1969: Geddes usa eletrodos de Ag/AgCl e
pastas eletrolíticas à base de Cl.
A partir dos anos 70: utilização de
eletrodos descartáveis; a introdução de computadores teve grande impacto
tecnológico dos eletrocardiógrafos e monitores cardíacos, levando ao
desenvolvimento da aquisição automática de dados, análise, processamento e
detecção automática (inclusive em rede) de arritmias.
FUNCIONAMENTO DO CORAÇÃO
Anatomia
O suprimento sanguíneo para as diversas
partes do corpo é mantido no sistema circulatório de acordo com o aumento ou
diminuição da resistência sistêmica ao fluxo de sangue.
Quando em repouso, o fluxo de sangue no
ser humano adulto é de aproximadamente 5
l/min, o que equivale a 60-80 batimentos do coração por minuto.
Em exercício, o fluxo aumenta para 15 a 25 l/min e o número de
batimentos do coração por minuto fica entre 120 a 160.
Na figura 1 é apresentado um corte do
coração, com 4 câmaras, (átrios esquerdo e direito (AD e AE), ventrículos
esquerdo e direito (VE e VD)), a veia cava superior e o sistema de condução
elétrica do coração: nodos sino-atrial (AS) e átrio-ventricular (AV), redes de
Purkinje e feixe de His.
Figura
1. Corte do coração apresentando as 4 câmaras e o
sistema de condução elétrica
Coração como bomba
O coração consiste em uma bomba muscular pulsátil
unidirecional dupla, que trabalha em dois tempos.
Bomba muscular pulsátil: tem a função de manter ativamente o
fluxo sanguíneo como principal mecanismo de transporte de substancias por todo
o corpo. O fluxo é exercido no momento da contração dos ventrículos, que é
seguida pelo relaxamento e portanto, não é contínuo e sim pulsátil.
Bomba dupla: o coração é formado por duas bombas distintas e
análogas, que funcionam de forma síncrona: o coração direto (VD e AD) e o
esquerdo (VE e AE). O primeiro é responsável pelo fluxo coração-pulmões e o
segundo pela circulação em todo o corpo, inclusive no próprio coração.
Bomba unidirecional: cada câmara tem válvulas que impedem o
refluxo do sangue garantindo sentido único na circulação. As válvulas para
baixa pressão estão nas saídas do átrio direito (tricúspide), do ventrículo
direito (pulmonar) e do ventrículo esquerdo (aórtica). A maior pressão é na
saída do átrio esquerdo (válvula mitral): quando está fechada, suporta a
contração do ventrículo esquerdo, impedindo o refluxo.
Bombas de dois tempos: os dois lados são formados por câmara
superiores (átrio) e inferior (ventrículos) que funcionam alternadamente. A
contração dos átrios leva ao enchimento dos ventrículos, que são responsáveis
pela atividade bombeadora principal. A fase de repouso dos músculos das câmaras
inferiores ou ventrículos é a diástole e a de contração é a sístole.
Propriedades cardíacas
A fibra cardíaca apresenta quatro propriedades:
excitabilidade, contratilidade, ritmicidade e condutividade.
Excitabilidade: é a propriedade de responder a um estímulo.
A resposta da fibra cardíaca é representada pela contração muscular.
Contratilidade: em condições fixas, a resposta do coração é
máxima, qualquer que seja a intensidade do estímulo, desde que supralimiar.
Ritmicidade ou automatismo: a fibra cardíaca tem a propriedade
de originar, dentro de si mesma, o impulso que determina sua contração. Nem
todas as partes do coração têm o mesmo automatismo.
condutibilidade: os estímulos ativadores da musculadores
cardíaca se originam numa região restrita. Graças à condutibilidade, o processo
de ativação se propaga por toda a musculatura cardíaca. A condutibilidade é
comum a todo tecido cardíaco, porém, encontra-se particularmente desenvolvida
no feixe de His e seus ramos e na rede de Purkinje.
Potencial de ação das fibras cardíacas
As manifestações elétricas da atividade refletem a atividade
mecânica, sendo úteis do ponto de vista da prática clínica, no diagnóstico de
patologias cardíacas. A concentração do coração (átrios e ventrículos) é
precedida por uma ativação elétrica, de padrão especifico e bem coordenado, das
estruturas musculares. Cada parte da estrutura cardíaca é especializada para
uma função. Distinguem-se os tecidos nodais (NSA e NAV), de His e de Purkinje
(atrial e ventricular)
Tecido nodal sino-atrial (NSA): NSA tem a função de
auto-ritmicidade. O nodo sino-atrial, também chamado de marca-passo primário, é
formado por um agrupamento de células (1 a 2mm de comprimento e 2mm de largura). É
onde ocorre o primeiro potencial de ação (PA), ou seja é onde tem inicio a atividade
elétrica do coração
Feixe de His: a ativação elétrica iniciada no NSA é
transmitida (velocidade 1m/s) ao tecido nodo-ventricular (NAV) através dos
ramos internodais do feixe de his.
Tecido nodal átrio-ventricular (NAV): p NAV é o marca passo
secundário. Quando a despolarização chega ao NAV, suas fibras retardam a
condução (velocidade 0,05m/s) antes que ela continue pelo feixe de Hi9s e pela
rede de Purkinje dos ventrículos, pra não haver contração simultânea de átrios
e ventrículos.
Rede de Purkinje: as fibras de Purkinje apresentam
velocidade de programação alta (1m/s), permitindo a contração dos ventrículos.
Mais 50% da massa ventricular é estimulada em aproximadamente 10 ms.
Cada tipo de tecido cardíaco exibe um potencial de ação
característico: diferentes células apresentam formas diferentes de atividade
elétrica, mas em geral, a contração é sincronizada pela despolarização do nodo
sino-atrial há cada (aproximadamente) 800 ms.
O sistema de condução especializado representa uma pequena
porção da massa cardíaca, e assim, os átrios e os ventrículos são quem mais
contribuem para o formato do potencial elétrico captado externamente ao
coração.
Na figura 2 são apresentados os potenciais de ação de uma
fibra ventricular e de uma fibra do NSA.
O potencial da fibra ventricular exibe fases de ativação
(0), de recuperação inicial rápida (1) (principalmente devido à rede de
Purkinje), platô de despolarização (2), repolarização (3) e potencial de
repouso (4). As fases (1) e (2) correspondem (3) e potencial de repouso (4). As
fases (1) e (2) correspondem à concentração ou sístole e as fases (3) e (4) à
diástole. O músculo cardíaco só apresenta uma nova concentração depois de
completada a relaxação da concentração anterior.
A PA da fibra do NSA praticamente não exibe platô:
despolariza e repolariza rapidamente e não tem período refratário absoluto.
-
POTENCIAL DE AÇÃO DE UMA FIBRA CARDÍACA TÍPICA:
fase 0: ativação
fase 1: recuperação inicial
fase 2: platô de despolarização
fase 3: repolarização
fase 4: potencial de repouso
-
período
refratário absoluto: fases 1 e 2
-
período
refratário relativo: fase 3
- POTENCIAL DE AÇÃO E DE FIBRA DO NODO ÁTRIO-SINUSAL
Figura 2. potenciais de ação de uma
fibra ventricular (a) e de uma fibra NSA (b)
O ELETROCARDIOGRAMA (ECG)
Características de sinal eletrocardiógrafo
o ECG é o registro da
atividade elétrica do coração por meio de eletrodos colocados sobre a
superfície corporal. Representa a somatória de todas as atividades elétricas que
ocorrem a cada instante do ciclo cardíaco. A seqüência de eventos
elétricos que resultam no ciclo
sístole/diástole (figura 3) propaga-se através do volume condutor do tórax e
pode ser medida na superfície do corpo através de eletrodos. Na figura 3 são
mostrados os principais componentes que interessam num ECG típico.
Figura
3. ECG típico, mostrando as ondas P, T e o complexo QRS. A
duração e a amplitude dessas formas têm significado clinico porque correspondem
diretamente ao percurso de condução elétrica do coração
Despolarização
a cada instante da atividade ventricular, a atividade
elétrica do coração pose ser representada por um vetor, com origem no centro
elétrico do coração. A cada instante, este vetor representa a contribuição
total de todas as áreas ativas do coração.
A amplitude deste valor é proporcional à quantidade de massa
muscular ativada (contraída) e o sentido deste vetor (resultante) acompanha o
espalhamento da frente de despolarização.
Derivações
O ECG pode ser medido sobre qualquer ponto do corpo humano.
A corrente iônica gerada pela frente de despolarização encontra um caminho se
baixa resistência através do corpo até os eletrodos de registro. O coração é o
gerador elétrico e o tórax, considerando um volume condutor linear, pode ser
representado como uma carga resistiva; o potencial elétrico medido sofre
atenuação com a distancia do gerador (sobre o tórax, a amplitude típica é de
5mV).
Em 1912 Einthoven descreveu o triângulo eqüilátero formado
pelas derivações I, II e III (figura 4).
Para facilidade de padronização entre indivíduos, os eletrodos
correspondentes ao triangula eqüilátero de Einthoven são colocados, geralmente,
sobre os pulso (RS e LA) e no tornozelo esquerdo (LL).
Figura
4. Triângulo de Einthoven
A morfologia do ECG depende dos seguintes fatores: estado do
gerador, sinal elétrico, meio condutor, e distribuição e localização dos
eletrodos de registro sobre a superfície do corpo, denominada derivação.
Figura 5.
colocação dos nove eletrodos utilizados para se obter as 12 derivações
O sistema padrão de 12 derivações inclui três colocações
diferentes de eletrodos: derivação bipolar (figura 6), aumentada (figura 7) e
precordial (figura 8), como mostrado na
tabela e figuras seguintes
Tabela I. derivações clássicas em eletroencefalografia
Tipo de derivação
|
Eletrodos usados
|
Definição
|
Bipolar ou derivação de membros
|
LA,
RA, LL, RL
|
I=
LA –RA
II
= LL – RA
III
= LL - LA
|
Aumentada ou derivação unipolar de
extremidade (Goldberg)
|
LA,
RA, LL, RL
|
aVR
= RA – ½(LA + LL)
aVL
= LA – ½ (LL + RA)
aVF=
LL – ½(La + RA)
|
Unipolares precordiais (Wilson)
|
V1, V2, V3, V4, V5 e V6 (mais um em
cada braço, um em cada perna, sendo a direita aterrada; eletrodo explorador =
vi, i entre
|
V1
= v1 – (RA + LA + LL)/3
V2
= v 2 - (RA + LA + LL)/3
V3
= v 3 - (RA + LA + LL)/3
V4
= v 4 - (RA + LA + LL)/3
V5
= v 5 - (RA + LA + LL)/3
V6
= v 6 - (RA + LA + LL)/3
|
Figura 6. Derivação
bipolar.(a) Derivação I; (b) Derivação II; (c) Derivação III. (d) Técnica para
desviar o vetor cardíaco (no centro de triângulo) a partir as projeções
geométricas dos vetores de membros
Figura
7. (a) Central Wilson.(b) a (d):
Derivações
aumentadas aVR, aVL e aVF, respectivamente. (e) Relação entre os vetores das
derivações de membros e as derivações aumentadas no plano frontal

Figura 8. Derivações precordiais. O eletrodo ligado à entrada não-inversora do amplificador é o eletrodo explorador, que é colocado, a cada vez, numa das posições precordiais
Aplicações clínicas
A análise interpretativa do registro eletrocardiógrafo
inclui:
Determinação da freqüência cardíaca da duração de cada
elemento (P, QRS, T, P-R, S-T e do ritmo ou seqüências e intervalos);
Determinação da freqüência respiratória, que modula a freqüência
cardíaca: (aumenta na inspiração e diminui na expiração);
Análise morfológica de cada elemento;
Determinação do eixo elétrico do coração: determinado a
partir do vetor QRS médio de duas derivações frontais. Indica se há mudança na
posição do coração no tórax, variação de espessura da parede ventricular,
distúrbios na seqüência da condução elétrica. O vetor gerado pela atividade
elétrica do coração é afetado pela massa muscular despolarizada. É afetado por
hipertrofia, infarte do miocárdio (uma parte do músculo é substituída por
tecido fibros, inerte eletricamente).
As disfunções cardíacas mais freqüentes são decorrentes da
atividade elétrica anormal. As patologias relacionadas com ritmicidade e, ou
condutividade, são conhecidas como arritmias cardíacas. As mais comuns incluem:
ritmo anormal do marca- passo natural (sino-atrial);
deslocamento do marca-passo sino-atrial para outras regiões
(extra-sístoles);
bloqueio (em diversos pontos) da transmissão do sinal
elétrico;
vias anormais para condução da onda de despolarização;
geração espontânea de disparo (extra-sístoles);
silêncio sinusal, condição causada por lesão irreversível do
NSA.
A seguir são apresentadas algumas das patologias mais
comuns:
Taquicardia: freqüência cardíaca maior que 100 bpm
-
condição
fisiológica: pode representar uma tentativa de adaptação do coração a um
aumento da demanda, como no caso de susto, exercício, emoção, medo, stress, etc.
-
condição
patológica: é um componente do quadro de insuficiência cardíaca
Fibrilação: descoordenação entre as fibras por
estímulos espontâneos
-
no
caso atrial, não ocorre contração atrial; só ocorre complexo QRS e o rendimento
cai;
-
no
caso ventricular, determina a imediata cessação mecânica levando à morte em
minutos;
Bradicardia: caracterizada por freqüência menor que
60 bpm
-
condição
que pode ser encontrada em indivíduos normais em repouso ou em atletas;
-
pode
ser causada por depressão do NSA
Infarte: causado por morte do tecido muscular
(anóxia); não conduz nem gera potenciais, desordenando a contração;
Hipertrofia: aumento da massa cardíaca (atrial ou
ventricular, esquerda ou direita), das distancias e, portanto, dos intervalos
entre ondas (desloca o vetor resultante);
Bloqueios: demora anormal na condução elétrica no
NAV ou no feixe de His, ocasionando ritmo diferente entre átrios e ventrículos
(2:1, 3:1, etc);
-
1°
grau: apenas retardo;
-
2°
grau: dissociação de freqüências
pré-excitação: isolamento elétrico insuficiente entre átrios
e ventrículos, ocasionando despolarização prematura dos ventrículos, sem prévio
enchimento adequado dos mesmos.
Eletrocardiógrafo e monitor cardíaco
Função
Eletrocardiógrafo – usado por cardiologistas ou
técnicos treinados para, através das 12
derivações, realizar em “check up” de rotina; interpretação especifica de
doenças cardíacas (por exemplo, infarto do miocárdio e doenças condução
elétrica); supervisão de implante de marca-passo cardíaco; pré-operatório;
“follow up” (acompanhamento) de procedimentos cirúrgicos; etc. o grau de
complexidade de suas funções varia muito, podendo fornecer o traçado
acompanhado de um “laudo” interpretativo. Existem eletrocardiógrafos de um
canal e de múltiplos canais, que armazenam, processam e transmitem a
informação.
Monitor cardíaco – para monitoração contínua do ECG (uma
derivação); usado em centros cirúrgicos e UTI, juntamente com a monitoração de
temperatura, respiração, pressão sanguínea, etc. além da forma de ondas do ECG,
pode indicar a freqüência cardíaca e o “status” das conexões dos eletrodos.
Diagrama em blocos
Na figura 9 é apresentado
e um diafragma em blocos de um eletrocardiógrafo genérico, com capacidade de
gerar traçados para diagnostico e para ser usado como monitor.

Figura
9. Diafragma em blocos de um eletrocardiógrafo genérico
Eletrocardiógrafo

Figura 10.
Diafragma em blocos de um ECG diagnóstico
O diafragma em blocos acima representa um sistema de 12
derivações para ECG diagnostico. O sistema típico de 12 derivações utiliza 1
eletrodo em cada braço, 1 na perna esquerda, 6 nas posições precordiais. O
circuito de perna direita é usado para.reduzir interferência elétrica.
Os eletrodos LL, LA e RA são conectados à rede de resistores
conhecida como central de Wilson, a partir da qual obtém-se as derivações de
membros I, II e II e as aumentadas aVL, aVR e aVF.
A função primária de um sistema de aquisição de ECG é
amplificar o sinal elétrico do coração e rejeitar artefatos e ruídos biológicos
e ambientais, utilizando-se normalmente amplificadores diferenciais,
Num estágio posterior de amplificação, ajusta-se a resposta
em freqüência e a seguir o sinal registrado pode ser visualizado, digitalizado,
processado, transmitido, etc.
A isolação elétrica deve fornecer proteção ao paciente
contra riscos de choque elétrico.
Na tabela II são indicadas algumas das características
típicas de um eletrocardiógrafo comercial. Algumas especificações importantes
incluem proteção e risco de choque elétrico, configuração de eletrodos e
características dos amplificadores.
Tabela II Especificações de um eletrocardiógrafo comercial
típico.
Parâmetro
|
Especificação
|
Eletrodos disponíveis
|
RA,
LA, LL, RL, V1 a V6
|
Derivações
|
I, II, III, aVR, aVL, aVF, V1 a V6
|
Impedância de entrada
|
> 2,5 MW a 10 Hz
|
Ganho total
|
20,10 e 5 mm/Mv
|
Faixa de passagem
|
0,01 – 50 Hz (diagnóstico)
0,5 – 40 Hz (monitoramento)
|
Ruído
|
< 40 mV pico - pico
|
Rejeição de modo comum
|
120 dB
|
Linearidade
|
Melhor que 5%
|
Proteção (sobretensão)
|
5 kV (desfibrilador)
|
Corrente de fuga
|
< 10 mA
|
As características indicadas na tabela I, somem-se as
capacidades obtidas da utilização de microcomputadores , como a digitalização,
armazenamento e interpretação dos traçados captados e a possibilidade de
funcionar alimentado à bateria por diversas horas.
Monitor cardíaco

Na monitoração do ECG, a morfologia do sinal registrado não
é prioridade e sim a detecção do complexo QRS.
Enquanto para o ECG diagnóstico a faixa de freqüência está
compreendida entre 0,05 Hz e 100Hz, para o monitor cardíaco, a faixa é menor,
vai de 0,5 Hz a 40 Hz. O monitor deve ser sensível principalmente ao complexo
QRS, que tem conteúdo em freqüência principalmente na faixa média.
A própria faixa de passagem do monitor já resulta em
atenuação dos artefatos de movimento de baixa
freqüência e dos ruídos de freqüências maiores, devidas ao EMG.
O cardiotacômetro, que fornece apenas a taxa de batimento
cardíaco trabalha com uma faixa ainda mais estreita:8-24Hz ou ainda 12-21Hz.
Existem monitores cardíacos portáteis e alimentados a
bateria, monitores usados em centros cirúrgicos e UTIS e monitores que usam
telemetria, além de sistemas mais complexos, como monitores de arritmias
cardíaca e cardioversores cujos projetos incluem monitores cardíacos. O uso
mais comum de monitores cardíacos é em UTI de hospitais.
A seguir serão
comentados alguns componentes e circuitos comuns aos eletrocardiógrafos
(diagnóstico) a ao monitores cardíacos.
Eletrodos
Os eletrodos de ECG são feitos normalmente de prata clorada,
sendo o contato elétrico com a pele aumentado com o uso de gel eletrolítico a
base de cloro. Tipos mais comuns: (a) sucção, usado em ECG diagnóstico, para contato no peito; (b)
placa, usado em ECG diagnóstico, para contato nas extremidades; (c) descartável
(adesivo), usado em ECG diagnóstico de esforço, em situações de emergência e
monitoração de longa duração (UTI, Holter), para contato no peito.
Antes da aplicação do gel condutor e fixação do eletrodo,
apele deve ser limpa, retirando-se vestígios de suor e gordura e eventualmente
de pelos. Os eletrodos de placas são mantidos no lugar com tiras elásticas.
Na figura 12 são representados os tipos mais comuns de
eletrodos e a seguir são mostrados detalhes de eletrodos de sucção e conectores
de cabos de eletrodos:



Seletor se derivação
A seleção de derivação pode ser feita mecanicamente (através
de chaves) ou por “software” (algoritmos de controles, via computador).
Normalmente o seletor inclui a central de Wilson (já mostrada na figura 7),
formada por resistores que permitem obter sinais das extremidades igualmente
balanceados; a partir dos quatros eletrodos de extremidades, obtêm-se as
derivações aumentadas a partir dos
eletrodos precordiais, as demais derivações.
Circuitos de proteção
Não só o paciente deve receber atenção quanto à exposição a
tensões ou correntes elevadas: os amplificadores e demais circuitos eletrônicos
sensíveis precisam ser protegidos.
Situações de maior risco:
-
uso
de desfibrilador no paciente;
-
paciente
tocar alguma área energizada (110v ou 220v).
os circuitos deste bloco devem proteger o equipamento de
tensões até 5 Kv.

A lâmpada néon (ou um GTD, tubo de descarga a gás) após sua
ionização, oferece um caminho de baixa resitência ao terra para transientes
altos e os capacitores, para transientes mais baixos.
Os resistores limitam a corrente e atenuam a tensão
elétrica.
Os diodos limitam a tensão em +/-10V na entrada dos
amplificadores operacionais A1 e A2. os diodos zener, limitam a tensão na saída
de A3 (do circuito da perna direita), evitando que transientes altos de tensão
conduzidos através do corpo, cheguem ao amplificador.
O centrelhador, na presença de transientes elevados, como o
de uma descarga de desfibrilador, coloca momentaneamente em curto os terras
isolados, para evitar que correntes de fugas altas atravessem o transformador
isolador e alcancem os circuitos eletrônicos.
Pré – amplificador
É constituído por amplificador de instrumentação (a), que
alia alta impedância de entrada (dois buffers na entrada) com alta rejeição de
modo comum “CMRR” (amplificador diferencial). O ganho é limitado para prevenir
saturações pelos níveis DC na entrada:

O segundo estágio é um amplificador com
filtro passa-faixa (b) que estabelece o ganho final e a resposta em freqüência
do equipamento:
-
passa-altas
(PA): definido pelos valores do resistor R6 e do capacitor C1
-
passa-baixas
(PB): definido pelos valores dos resistores e capacitores R8- C2- R4-C3
A faixa de freqüência deve eliminar os
ruídos ambientais e biológicos sem distorcer o sinal
de ECG. Valores típicos para essa faixa
são:
-
0,5 a 40 Hz para monitoração;
-
0,01
a 150 Hz para ECG diagnostico.
A utilização de filtros ocasiona algumas
modificações no sinal, que podem comprometer o diagnóstico. Nas figuras 15 e 16 a seguir, são mostrados o
espectro de freqüências componentes do ECG e o efeito de filtração incorreta
(filtros PA e PB mal ajustados ou defeituosos) no traçado, respectivamente.


Circuitos de isolação elétrica
A melhor proteção contra corrente de fuga
é a isolação elétrica. A isolação elétrica é uma consideração muito importante
nos equipamentos eletromédicos. As formas são muito restritivas em relação à
passagem de corrente elétrica pelo paciente:
-
corrente
máxima tolerada antes de por o paciente em risco – 10 μA. (60Hz)
-
a
sensibilidade do corpo diminui com a freqüência: corrente máxima tolerada sobe
para 1mA se a freqüência for maior que 100 kHz.
-
São
utilizadas diversas técnicas para assegurar o isolamento elétrico do paciente
em relação à rede, dentre elas a de
isolação óptica, indicada na figura 17

-
técnica
simples, barata, mas não linear – a compensação da não-linearidade é obtida
através de D1, que deve ser
idêntico a D3:
se D1 = D3 = I3. como i1=
V1/R1, e i3 = V0/R1,
então V0 = (R1/R1)V1
-
o
circuito de isolação elétrica pode ser obtido também com transformador de
isolamento, que constitui uma técnica mais linear, mas depende de eletrônica
mais complexa moduladores do sinal com portadora de alta freqüência,
demoduladores, conversores CA/CC e CC/CA para transmissão de potência).
Características mais importantes de um sistema de isolação
(óptica ou por transformador):
Suportar tensão do desfibrilador (≈ 5kV);
Fuga de corrente capacitiva menor possível pela barreira de
isolação;
Mínima distorção do sinal e imunidade a ruídos.
Detector de falha de derivação
Uma ocorrência bastante comum na prática é o deslocamento do
eletrodo, o escape do fio condutor ou do conector do eletrodo, gel condutivo
insuficiente ou seco. Em cada um destes casos haverá falha na derivação,
aumentando a impedância entre os eletrodos.
O método mais freqüente de detectar esta falha é a medida da
impedância entre os eletrodos, através da resposta do sistema quando um sinal
de baixa tensão e alta freqüência (100 kHz) é injetado no eletrodo. A
impedância normal sob bom contato é de ordem de 102 Ω a 100 kHz.
A freqüência de trabalho (100kHz) é completamente eliminada
pelos filtros do ECG, não interferindo nas medidas nem oferecendo risco para o
paciente.
Restaurador de linha de base
-
a
linha de base do eletrocardiograma pode ser deslocada por um sinal CC
(transitório) que satura os amplificadores.
-
Esta
saturação é em decorrência das elevadas constantes de tempo dos filtros (> 3
s), em resposta ao chaveamento para troca de derivações ou mau contato (mesmo
passageiro) nos eletrodos.
-
É
desejável um circuito que providencie o RESET automático em caso de saturação,
restaurando a linha de base dentro da janela de operações normal de ECG.
Rejeição de marca passo
-
o
sinal do marca-passo é muito breve (5 ms) e com subida muito abrupta ≈ 1 V/μs.
-
No
cálculo da freqüência cardíaca feita num monitor cardíaco, o sinal de ECG é
filtrado para extrair o complexo QRS e então é feita uma contagem do tempo
médio entre estes eventos.
-
Em
pacientes portadores de marca-passo implantado, a saída do marca-passo pode ser
confundida com um batimento cardíaco e falsear as medidas do monitor, além de
poder saturar os amplificadores.
Outros recursos
-
calibração:
um sinal de 1mV pode ser momentaneamente introduzido através do acionamento de
um botão pelo operador. Esta marca no traçado de ECG permite uma avaliação
quantitativa da amplitude dos sinais no momento da interpretação e diagnóstica
pelo médico.
-
Marcador
de eventos: semelhante ao anterior, possibilita ao operador adicionar uma marca
no traçado, para caracterizar algum evento de interesse ocorrido durante o
exame, 999através de outro botão.
-
Registrador
gráfico: dispositivo que registra o sinal em papel. Pode utilizar
diversas tecnologias, sendo mais comum à impressão em papel térmico e o uso de
penas com tinta (alguns modelos têm um suporte para canetas comuns).
-
Papel
é milimetrado, podendo ser uma fita de 6 cm de largura, até usar folhas formato A4
(montadas sobre tambor rotativo). A velocidade pode ser ajustada pelo operador
em 25 mm/s ou 50 mm/s.
-
Microcomputador:
cada vez mais presente em ECG’S, o microcomputador pode controlar toda a
operação do equipamento (software proporciona ao operador opções de derivações,
ajusta ganho, registra dados de paciente, médico, etc., algoritmos para
interpretação do ECG e pré-diagnostico, com reconhecimento de arritmias).
-
Teclado
e display alfanumérico facilitam comunicação com o operador.
-
Alarmes:
luminosos e sonoros, têm significado particularmente importante nos monitores
cardíacos. Devem indicar principalmente se a freqüência cardíaca está abaixo
(bradicardia, parada cardíaca) ou acima do valor normal (taquicardia), os
monitores de arritmia devem ser capazes, através de diversos tipos de arritmia
e a fibrilação ventricular (situação que pode levar a óbito)
Interferência no sinal de ECG
Toda captação de biopotenciais é sujeita a interferências de
outros sinais ambientes e do próprio paciente. Estas interferências são de
diversas naturezas, como está indicado na figura 18 e descrito no texto a
seguir

Fontes biológicas e artefatos
-
potenciais
de pele: a interface pele - gel –
eletrodo pode acumular potenciais de 25 mV. Podem ser reduzidos pela raspagem
ou punção da pele, que elimina a camada superficial de pele morta e no caso da
punção ultrapassa a barreira das outras camadas da pele, aumentando o contato
elétrico. Os potenciais CC também são eliminados por filtros passa-altas.
-
Artefatos
de movimento: são sinais produzidos pelo movimento relativo entre pele e
eletrodo, com modificação da linha de base ou presença de ruído no traçado,
dificultando a sua interpretação.
-
Ruído
muscular: os potenciais de ação da musculatura esquelética (EMG) têm a mesma
faixa de amplitude do ECG, mas com faixas de freqüência maior . podem ser
eliminados com filtros passa-baixas, através da colocação adequada dos
eletrodos e do repouso do paciente.

Interferências ambientais
-
rede
de 60 Hz: interferência por acoplamento capacitivo e indução eletromagnética. É
reduzida pela blindagem aterrada dos cabos das derivações e pela redução do
laço de captação eletromagnética
aspectos de segurança
A norma IEC 601-2-25 regulamenta os aspectos de segurança e
funcionais dos eletrocardiógrafos e a norma IEC 601-2-27 (de julho de 1997) faz
o mesmo para monitores cardíacos. Estabelecem também os testes de conformidade
destes equipamentos (por exemplo, ensaios de medida de corrente de fuga pelo
paciente , d3e proteção contra efeitos de desfibrilação e de recuperação após
os efeitos de uma descarga de desfibrilador).
Ambas as normas estão sob as exigências da norma geral IEC
601-1, que regulamenta os aspectos de segurança em equipamentos
médico-hospitalares.
Aspectos de manutenção
Os eletrocardiógrafos e monitores cardíacos possuem normas
de segurança bastante rígidas que geralmente são seguidas pelos fabricantes.
Por isto, os problemas elétricos são relativamente poucos e estão relacionados
à presença de artefatos e ruídos,
manutenção preventiva mal feita, bem como pelo mau uso do equipamento pelos
operadores.
Causas de ruídos elétricos incluem cabos de eletrodos
quebrados (por causa de quedas, por exemplo), limpeza e preparação da aplicação
de eletrodos mal feita, movimentação do paciente, proximidade dos equipamentos
elétricos defeituosos e linhas de energia, interferência de marca-passo e
outros equipamentos eletromédicos. A maioria dos ECG diagnóstico e monitores
possuem recursos tecnológicos para eliminar ou reduzir tais interferências.
A preparação mal feita da colocação dos eletrodos (limpeza
da pele, dos eletrodos, utilização de eletrodos novos) bem como a conexão dos
fios dos eletrodos no equipamento é comumente relatada. Os eletrodos novos
devem permanecer em suas embalagens fechadas até o momento do uso, para não resseca-los.
A colocação errada dos eletrodos leva à obtenção de traçados
não-confiáveis, podendo deixar de detectar anormalidades do ECG.
Riscos de choques elétricos, inclusive conectando o paciente
diretamente à rede ocorrem quando o paciente é desconectado temporariamente do
monitor e os conectores dos cabos de eletrodos ficam soltos. Há relatos da
ligação destes conectores a áreas energizadas, provocando choque nos pacientes.
O ECRI recomenda que unidades assistenciais de saúde que possuem equipamentos
com cabos de conectores que possam ser ligados em tomadas energizadas (de
monitores de apnéia, por exemplo), os descartem e substituam rapidamente.
Cabos rompidos e, ou mal conectados estão relacionados a
incidentes com choque e queimadura de pacientes sob monitoração cardíaca.
Procedimentos de manutenção preventiva e de verificação
freqüente são indicados pelos fabricantes e adaptados de acordo com a política
de manutenção de cada instituição de saúde.
O FDA (Food and Drug Administration, do EUA), possui um
“desfibrillator Working Group”, que em 1992 estabeleceu um “check list” para
monitores e desfibriladores cardíacos. Um resumo deste “check list” será
apresentado adiante como exemplo de um procedimento de verificação freqüente.
O “check list” tem por objetivo ajudar o usuário estabelecer
rapidamente o estado do equipamento. É organizado de modo que o usuário faça a
verificação visual (passos 1 a
7) a cada utilização ou troca de ambiente do equipamento, para certificar-se de
que o mesmo está pronto para o próximo uso e numa freqüência menor, o teste
operacional (passos 8 e 9), sem pular nenhum passo de importância critica.
“Check list” para desfibriladores/ monitores cardíacos
Passo 1: estado do chassi/carcaça – deve ser limpo, livre de
sujeiras, de pó, de gotas e de
quaisquer objetos
Passo 2: acessórios –checar a presença, a armazenagem
correta e a validade de eletrodos de
monitoração e gel ou outro meio condutivo.
Passo 3: pás- verificar se estão limpas e se podem ser
removidas facilmente, inclusive
adaptadores para uso pediátrico (no caso de desfibriladores)
Passo 4: cabos e conectores – inspecioná-los a procura de
rachaduras ou rompimentos.
Verificar se os conectores estão conectados seguramente.
Passo 5: fonte de alimentação – verificar se o equipamento
está ligado na rede e se o indicador
de
bateria esta ok. Certificar-se de que a bateria de reserva está em ordem.
Passo 6: indicadores de ECG – ligar o monitor e realizar a
“autochecagem” e verificar se o
display do monitor está funcionado.
Passo 7: registrador de ECG – verificar se a unidade tem
papel e tinta suficientes.
Conferir a data indicada no registrador
Passo 8: se houver, inspecionar o marca-passo (seguir
especificações do fabricante).
Passo 9: procedimento de verificação dos ciclos de carga e
descarga (somente para o
desfibrilador).
Passo 10: reconectar à rede de energia.
Os passos do “check list” correspondem a testes
qualitativos. Par os monitores cardíacos e eletrocardiógrafos, devem ser feitos
ainda testes quantitativos, que incluem a verificação dos alarmes (+/- 5 bpm ou
batimentos por minuto, a 40 e 120 bpm) e calibração da medida de taxa (+/- 5
bpm ou batimentos por minuto, a 40 e 120 bpm) (feitas com simulador de ECG),
além das medições de impedância de terra (menor ou igual a 0,5Ω) e de corrente
de fuga (menor ou igual a 300 μA).Á manutenção preventiva cabe limpeza
exterior, ajuste d erodas, lubrificação do “drive” de papel (se for o caso) e a
substituição de baterias e filtros.
Os equipamentos de testes necessários são; um simulador de
ECG, um medidor de corrente de fuga ou analisador de segurança, um ohmímetro
para medir a resistÊncia de aterramento, gerador de sinais e osciloscópio.
BIBLIOGRAFIA
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1999.
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Monitoring Systems,
Acute Care; Neonatal; ECG Monitors. PA, EUA: ECRI
Press, Plymouth Meeting, 1999. 1 CD-ROM.
ECRI.
Healthcare product comparison system (HPCS). Physiologic
Monitoring Systems,
Telemetric; ECG Monitors. PA, EUA: ECRI
Press,
Eletrocardiógrafo
e monitor cardíaco
Elaborador
por:
Profa. Dra. Vera
Lúcia da Silveira Nantes Button
Introdução
Eletrocardiógrafos: detectam os sinais
elétricos associados à atividade cardíaca e produz o eletrocardiograma, ECG, um
registro gráfico de tensão elétrica em função do tempo.
A atividade elétrica do coração humano
pode ser detectadas na superfície do corpo (amplitude em torno de alguns
minivolts) e registrada no eletrocardiograma.
Eletrocardiograma: o ECG constitui um dos
mais úteis métodos não-invasivos de diagnóstico médico. O ECG é usado para
diagnosticar e acompanhar a evolução de arritmias cardíacas e diversas outras
patologias do coração. Pode ser obtido no consultório médico, durante um exame
de rotina (12 derivações), com o
paciente em repouso, para diagnosticar problemas cardiovasculares.
Monitor eletrocardiográfico: usado
principalmente no centro cirúrgico e UTI. O ECG pode ser obtido continuamente
(são necessários pelo menos dois eletrodos de registro e um terceiro de
referência) para monitorar a função cardíaca (freqüência de batimento) do
paciente. Geralmente está associado à monitoração de outros parâmetros vitais,
tais como taxa respiratória, pressão sanguínea, debito cardíaco, oxigenação do
sangue, etc.
Histórico
1872: Gabriel Lippmann inventa o
“eletrodo capilar” (capilar de vidro com Hg e H2SO4 cujo
menisco de vidro era lido com microscópio);
1981: as três fases da atividade
cardíaca, denominadas ondas P e T e complexo QRS, são descritas (Burdon –
Sanderson e Paige, em animais; Waller em humanos);
1985: Willen Einthoven aperfeiçoa o
eletrodo capilar e descreve as cinco deflexões;
1897: Clement Ader cria o galvanômetro de
corda;
19901: Einthoven constrói o primeiro ECG
com galvanômetro de corda;
1903: Einthoven vende o primeiro ECG
comercial
1905: Einthoven transmite sinais de ECG
do hospital para o laboratório por telefone;
1906: Einthoven publica o primeiro Atlas
com ECGs normais e anormais diferenciados para ventrículos e átrios, do lado
direito e do lado esquerdo;
1912: Einthoven descreve o triângulo
eqüilátero formado pelas derivações I, II e II
e introduz os eletrodos de imersão;
1917: utilização dos eletrodos de
registro de metal com algodão embebido em solução salina;
1924: Einthoven ganha o premio Nobel por
inventar o eletrocardiógrafo
1932: Charles Wolferth e Francis Wood
descrevem o uso clinico de derivações no peito (V e V16);
1938: utilização das válvulas e TRC (tubo
de raios catódicos) para amplificar e visualizar os sinais
eletrocardiográficos;
1942: Emanuel Goldberg acrescenta as
derivações aVR, aVL, e aVF completando as 12 derivações utilizadas até os dias
atuais;
anos 40: surge o primeiro monitor por
telemetria. Usava tubos de vácuo era muito pesado, sendo de utilidade em estudo
de “stress”;
1950: primeiros eletrocardiógrafos
transistorizados;
1961: N. J. Holter cria o primeiro ECG
portátil;
1966: utilização de computadores IBM para
reconhecimento de padrões para diagnóstico automático;
1969: Geddes usa eletrodos de Ag/AgCl e
pastas eletrolíticas à base de Cl.
A partir dos anos 70: utilização de
eletrodos descartáveis; a introdução de computadores teve grande impacto
tecnológico dos eletrocardiógrafos e monitores cardíacos, levando ao
desenvolvimento da aquisição automática de dados, análise, processamento e
detecção automática (inclusive em rede) de arritmias.
FUNCIONAMENTO DO CORAÇÃO
Anatomia
O suprimento sanguíneo para as diversas
partes do corpo é mantido no sistema circulatório de acordo com o aumento ou
diminuição da resistência sistêmica ao fluxo de sangue.
Quando em repouso, o fluxo de sangue no
ser humano adulto é de aproximadamente 5
l/min, o que equivale a 60-80 batimentos do coração por minuto.
Em exercício, o fluxo aumenta para 15 a 25 l/min e o número de
batimentos do coração por minuto fica entre 120 a 160.
Na figura 1 é apresentado um corte do
coração, com 4 câmaras, (átrios esquerdo e direito (AD e AE), ventrículos
esquerdo e direito (VE e VD)), a veia cava superior e o sistema de condução
elétrica do coração: nodos sino-atrial (AS) e átrio-ventricular (AV), redes de
Purkinje e feixe de His.

Figura
1. Corte do coração apresentando as 4 câmaras e o
sistema de condução elétrica
Coração como bomba
O coração consiste em uma bomba muscular pulsátil
unidirecional dupla, que trabalha em dois tempos.
Bomba muscular pulsátil: tem a função de manter ativamente o
fluxo sanguíneo como principal mecanismo de transporte de substancias por todo
o corpo. O fluxo é exercido no momento da contração dos ventrículos, que é
seguida pelo relaxamento e portanto, não é contínuo e sim pulsátil.
Bomba dupla: o coração é formado por duas bombas distintas e
análogas, que funcionam de forma síncrona: o coração direto (VD e AD) e o
esquerdo (VE e AE). O primeiro é responsável pelo fluxo coração-pulmões e o
segundo pela circulação em todo o corpo, inclusive no próprio coração.
Bomba unidirecional: cada câmara tem válvulas que impedem o
refluxo do sangue garantindo sentido único na circulação. As válvulas para
baixa pressão estão nas saídas do átrio direito (tricúspide), do ventrículo
direito (pulmonar) e do ventrículo esquerdo (aórtica). A maior pressão é na
saída do átrio esquerdo (válvula mitral): quando está fechada, suporta a
contração do ventrículo esquerdo, impedindo o refluxo.
Bombas de dois tempos: os dois lados são formados por câmara
superiores (átrio) e inferior (ventrículos) que funcionam alternadamente. A
contração dos átrios leva ao enchimento dos ventrículos, que são responsáveis
pela atividade bombeadora principal. A fase de repouso dos músculos das câmaras
inferiores ou ventrículos é a diástole e a de contração é a sístole.
Propriedades cardíacas
A fibra cardíaca apresenta quatro propriedades:
excitabilidade, contratilidade, ritmicidade e condutividade.
Excitabilidade: é a propriedade de responder a um estímulo.
A resposta da fibra cardíaca é representada pela contração muscular.
Contratilidade: em condições fixas, a resposta do coração é
máxima, qualquer que seja a intensidade do estímulo, desde que supralimiar.
Ritmicidade ou automatismo: a fibra cardíaca tem a propriedade
de originar, dentro de si mesma, o impulso que determina sua contração. Nem
todas as partes do coração têm o mesmo automatismo.
condutibilidade: os estímulos ativadores da musculadores
cardíaca se originam numa região restrita. Graças à condutibilidade, o processo
de ativação se propaga por toda a musculatura cardíaca. A condutibilidade é
comum a todo tecido cardíaco, porém, encontra-se particularmente desenvolvida
no feixe de His e seus ramos e na rede de Purkinje.
Potencial de ação das fibras cardíacas
As manifestações elétricas da atividade refletem a atividade
mecânica, sendo úteis do ponto de vista da prática clínica, no diagnóstico de
patologias cardíacas. A concentração do coração (átrios e ventrículos) é
precedida por uma ativação elétrica, de padrão especifico e bem coordenado, das
estruturas musculares. Cada parte da estrutura cardíaca é especializada para
uma função. Distinguem-se os tecidos nodais (NSA e NAV), de His e de Purkinje
(atrial e ventricular)
Tecido nodal sino-atrial (NSA): NSA tem a função de
auto-ritmicidade. O nodo sino-atrial, também chamado de marca-passo primário, é
formado por um agrupamento de células (1 a 2mm de comprimento e 2mm de largura). É
onde ocorre o primeiro potencial de ação (PA), ou seja é onde tem inicio a atividade
elétrica do coração
Feixe de His: a ativação elétrica iniciada no NSA é
transmitida (velocidade 1m/s) ao tecido nodo-ventricular (NAV) através dos
ramos internodais do feixe de his.
Tecido nodal átrio-ventricular (NAV): p NAV é o marca passo
secundário. Quando a despolarização chega ao NAV, suas fibras retardam a
condução (velocidade 0,05m/s) antes que ela continue pelo feixe de Hi9s e pela
rede de Purkinje dos ventrículos, pra não haver contração simultânea de átrios
e ventrículos.
Rede de Purkinje: as fibras de Purkinje apresentam
velocidade de programação alta (1m/s), permitindo a contração dos ventrículos.
Mais 50% da massa ventricular é estimulada em aproximadamente 10 ms.
Cada tipo de tecido cardíaco exibe um potencial de ação
característico: diferentes células apresentam formas diferentes de atividade
elétrica, mas em geral, a contração é sincronizada pela despolarização do nodo
sino-atrial há cada (aproximadamente) 800 ms.
O sistema de condução especializado representa uma pequena
porção da massa cardíaca, e assim, os átrios e os ventrículos são quem mais
contribuem para o formato do potencial elétrico captado externamente ao
coração.
Na figura 2 são apresentados os potenciais de ação de uma
fibra ventricular e de uma fibra do NSA.
O potencial da fibra ventricular exibe fases de ativação
(0), de recuperação inicial rápida (1) (principalmente devido à rede de
Purkinje), platô de despolarização (2), repolarização (3) e potencial de
repouso (4). As fases (1) e (2) correspondem (3) e potencial de repouso (4). As
fases (1) e (2) correspondem à concentração ou sístole e as fases (3) e (4) à
diástole. O músculo cardíaco só apresenta uma nova concentração depois de
completada a relaxação da concentração anterior.
A PA da fibra do NSA praticamente não exibe platô:
despolariza e repolariza rapidamente e não tem período refratário absoluto.
-
POTENCIAL DE AÇÃO DE UMA FIBRA CARDÍACA TÍPICA:

fase 0: ativação
fase 1: recuperação inicial
fase 2: platô de despolarização
fase 3: repolarização
fase 4: potencial de repouso
-
período
refratário absoluto: fases 1 e 2
-
período
refratário relativo: fase 3
- POTENCIAL DE AÇÃO E DE FIBRA DO NODO ÁTRIO-SINUSAL
-
não
tem período refratário absoluto

Figura 2. potenciais de ação de uma
fibra ventricular (a) e de uma fibra NSA (b)
O ELETROCARDIOGRAMA (ECG)
Características de sinal eletrocardiógrafo
o ECG é o registro da
atividade elétrica do coração por meio de eletrodos colocados sobre a
superfície corporal. Representa a somatória de todas as atividades elétricas que
ocorrem a cada instante do ciclo cardíaco. A seqüência de eventos
elétricos que resultam no ciclo
sístole/diástole (figura 3) propaga-se através do volume condutor do tórax e
pode ser medida na superfície do corpo através de eletrodos. Na figura 3 são
mostrados os principais componentes que interessam num ECG típico.

Figura
3. ECG típico, mostrando as ondas P, T e o complexo QRS. A
duração e a amplitude dessas formas têm significado clinico porque correspondem
diretamente ao percurso de condução elétrica do coração
Despolarização
a cada instante da atividade ventricular, a atividade
elétrica do coração pose ser representada por um vetor, com origem no centro
elétrico do coração. A cada instante, este vetor representa a contribuição
total de todas as áreas ativas do coração.
A amplitude deste valor é proporcional à quantidade de massa
muscular ativada (contraída) e o sentido deste vetor (resultante) acompanha o
espalhamento da frente de despolarização.
Derivações
O ECG pode ser medido sobre qualquer ponto do corpo humano.
A corrente iônica gerada pela frente de despolarização encontra um caminho se
baixa resistência através do corpo até os eletrodos de registro. O coração é o
gerador elétrico e o tórax, considerando um volume condutor linear, pode ser
representado como uma carga resistiva; o potencial elétrico medido sofre
atenuação com a distancia do gerador (sobre o tórax, a amplitude típica é de
5mV).
Em 1912 Einthoven descreveu o triângulo eqüilátero formado
pelas derivações I, II e III (figura 4).
Para facilidade de padronização entre indivíduos, os eletrodos
correspondentes ao triangula eqüilátero de Einthoven são colocados, geralmente,
sobre os pulso (RS e LA) e no tornozelo esquerdo (LL).

Figura
4. Triângulo de Einthoven
A morfologia do ECG depende dos seguintes fatores: estado do
gerador, sinal elétrico, meio condutor, e distribuição e localização dos
eletrodos de registro sobre a superfície do corpo, denominada derivação.

Figura 5.
colocação dos nove eletrodos utilizados para se obter as 12 derivações
O sistema padrão de 12 derivações inclui três colocações
diferentes de eletrodos: derivação bipolar (figura 6), aumentada (figura 7) e
precordial (figura 8), como mostrado na
tabela e figuras seguintes
Tabela I. derivações clássicas em eletroencefalografia
Tipo de derivação
|
Eletrodos usados
|
Definição
|
Bipolar ou derivação de membros
|
LA,
RA, LL, RL
|
I=
LA –RA
II
= LL – RA
III
= LL - LA
|
Aumentada ou derivação unipolar de
extremidade (Goldberg)
|
LA,
RA, LL, RL
|
aVR
= RA – ½(LA + LL)
aVL
= LA – ½ (LL + RA)
aVF=
LL – ½(La + RA)
|
Unipolares precordiais (Wilson)
|
V1, V2, V3, V4, V5 e V6 (mais um em
cada braço, um em cada perna, sendo a direita aterrada; eletrodo explorador =
vi, i entre
|
V1
= v1 – (RA + LA + LL)/3
V2
= v 2 - (RA + LA + LL)/3
V3
= v 3 - (RA + LA + LL)/3
V4
= v 4 - (RA + LA + LL)/3
V5
= v 5 - (RA + LA + LL)/3
V6
= v 6 - (RA + LA + LL)/3
|

Figura 6. Derivação
bipolar.(a) Derivação I; (b) Derivação II; (c) Derivação III. (d) Técnica para
desviar o vetor cardíaco (no centro de triângulo) a partir as projeções
geométricas dos vetores de membros


Figura
7. (a) Central Wilson.(b) a (d):
Derivações
aumentadas aVR, aVL e aVF, respectivamente. (e) Relação entre os vetores das
derivações de membros e as derivações aumentadas no plano frontal

Figura
8. Derivações precordiais. O eletrodo ligado à entrada
não-inversora do amplificador é o eletrodo explorador, que é colocado, a cada
vez, numa das posições precordiais
Aplicações clínicas
A análise interpretativa do registro eletrocardiógrafo
inclui:
Determinação da freqüência cardíaca da duração de cada
elemento (P, QRS, T, P-R, S-T e do ritmo ou seqüências e intervalos);
Determinação da freqüência respiratória, que modula a freqüência
cardíaca: (aumenta na inspiração e diminui na expiração);
Análise morfológica de cada elemento;
Determinação do eixo elétrico do coração: determinado a
partir do vetor QRS médio de duas derivações frontais. Indica se há mudança na
posição do coração no tórax, variação de espessura da parede ventricular,
distúrbios na seqüência da condução elétrica. O vetor gerado pela atividade
elétrica do coração é afetado pela massa muscular despolarizada. É afetado por
hipertrofia, infarte do miocárdio (uma parte do músculo é substituída por
tecido fibros, inerte eletricamente).
As disfunções cardíacas mais freqüentes são decorrentes da
atividade elétrica anormal. As patologias relacionadas com ritmicidade e, ou
condutividade, são conhecidas como arritmias cardíacas. As mais comuns incluem:
ritmo anormal do marca- passo natural (sino-atrial);
deslocamento do marca-passo sino-atrial para outras regiões
(extra-sístoles);
bloqueio (em diversos pontos) da transmissão do sinal
elétrico;
vias anormais para condução da onda de despolarização;
geração espontânea de disparo (extra-sístoles);
silêncio sinusal, condição causada por lesão irreversível do
NSA.
A seguir são apresentadas algumas das patologias mais
comuns:
Taquicardia: freqüência cardíaca maior que 100 bpm
-
condição
fisiológica: pode representar uma tentativa de adaptação do coração a um
aumento da demanda, como no caso de susto, exercício, emoção, medo, stress, etc.
-
condição
patológica: é um componente do quadro de insuficiência cardíaca
Fibrilação: descoordenação entre as fibras por
estímulos espontâneos
-
no
caso atrial, não ocorre contração atrial; só ocorre complexo QRS e o rendimento
cai;
-
no
caso ventricular, determina a imediata cessação mecânica levando à morte em
minutos;
Bradicardia: caracterizada por freqüência menor que
60 bpm
-
condição
que pode ser encontrada em indivíduos normais em repouso ou em atletas;
-
pode
ser causada por depressão do NSA
Infarte: causado por morte do tecido muscular
(anóxia); não conduz nem gera potenciais, desordenando a contração;
Hipertrofia: aumento da massa cardíaca (atrial ou
ventricular, esquerda ou direita), das distancias e, portanto, dos intervalos
entre ondas (desloca o vetor resultante);
Bloqueios: demora anormal na condução elétrica no
NAV ou no feixe de His, ocasionando ritmo diferente entre átrios e ventrículos
(2:1, 3:1, etc);
-
1°
grau: apenas retardo;
-
2°
grau: dissociação de freqüências
pré-excitação: isolamento elétrico insuficiente entre átrios
e ventrículos, ocasionando despolarização prematura dos ventrículos, sem prévio
enchimento adequado dos mesmos.
Eletrocardiógrafo e monitor cardíaco
Função
Eletrocardiógrafo – usado por cardiologistas ou
técnicos treinados para, através das 12
derivações, realizar em “check up” de rotina; interpretação especifica de
doenças cardíacas (por exemplo, infarto do miocárdio e doenças condução
elétrica); supervisão de implante de marca-passo cardíaco; pré-operatório;
“follow up” (acompanhamento) de procedimentos cirúrgicos; etc. o grau de
complexidade de suas funções varia muito, podendo fornecer o traçado
acompanhado de um “laudo” interpretativo. Existem eletrocardiógrafos de um
canal e de múltiplos canais, que armazenam, processam e transmitem a
informação.
Monitor cardíaco – para monitoração contínua do ECG (uma
derivação); usado em centros cirúrgicos e UTI, juntamente com a monitoração de
temperatura, respiração, pressão sanguínea, etc. além da forma de ondas do ECG,
pode indicar a freqüência cardíaca e o “status” das conexões dos eletrodos.
Diagrama em blocos
Na figura 9 é apresentado
e um diafragma em blocos de um eletrocardiógrafo genérico, com capacidade de
gerar traçados para diagnostico e para ser usado como monitor.

Figura
9. Diafragma em blocos de um eletrocardiógrafo genérico
Eletrocardiógrafo

Figura 10.
Diafragma em blocos de um ECG diagnóstico
O diafragma em blocos acima representa um sistema de 12
derivações para ECG diagnostico. O sistema típico de 12 derivações utiliza 1
eletrodo em cada braço, 1 na perna esquerda, 6 nas posições precordiais. O
circuito de perna direita é usado para.reduzir interferência elétrica.
Os eletrodos LL, LA e RA são conectados à rede de resistores
conhecida como central de Wilson, a partir da qual obtém-se as derivações de
membros I, II e II e as aumentadas aVL, aVR e aVF.
A função primária de um sistema de aquisição de ECG é
amplificar o sinal elétrico do coração e rejeitar artefatos e ruídos biológicos
e ambientais, utilizando-se normalmente amplificadores diferenciais,
Num estágio posterior de amplificação, ajusta-se a resposta
em freqüência e a seguir o sinal registrado pode ser visualizado, digitalizado,
processado, transmitido, etc.
A isolação elétrica deve fornecer proteção ao paciente
contra riscos de choque elétrico.
Na tabela II são indicadas algumas das características
típicas de um eletrocardiógrafo comercial. Algumas especificações importantes
incluem proteção e risco de choque elétrico, configuração de eletrodos e
características dos amplificadores.
Tabela II Especificações de um eletrocardiógrafo comercial
típico.
Parâmetro
|
Especificação
|
Eletrodos disponíveis
|
RA,
LA, LL, RL, V1 a V6
|
Derivações
|
I, II, III, aVR, aVL, aVF, V1 a V6
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Impedância de entrada
|
> 2,5 MW a 10 Hz
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Ganho total
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20,10 e 5 mm/Mv
|
Faixa de passagem
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0,01 – 50 Hz (diagnóstico)
0,5 – 40 Hz (monitoramento)
|
Ruído
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< 40 mV pico - pico
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Rejeição de modo comum
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120 dB
|
Linearidade
|
Melhor que 5%
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Proteção (sobretensão)
|
5 kV (desfibrilador)
|
Corrente de fuga
|
< 10 mA
|
As características indicadas na tabela I, somem-se as
capacidades obtidas da utilização de microcomputadores , como a digitalização,
armazenamento e interpretação dos traçados captados e a possibilidade de
funcionar alimentado à bateria por diversas horas.
Monitor cardíaco

Na monitoração do ECG, a morfologia do sinal registrado não
é prioridade e sim a detecção do complexo QRS.
Enquanto para o ECG diagnóstico a faixa de freqüência está
compreendida entre 0,05 Hz e 100Hz, para o monitor cardíaco, a faixa é menor,
vai de 0,5 Hz a 40 Hz. O monitor deve ser sensível principalmente ao complexo
QRS, que tem conteúdo em freqüência principalmente na faixa média.
A própria faixa de passagem do monitor já resulta em
atenuação dos artefatos de movimento de baixa
freqüência e dos ruídos de freqüências maiores, devidas ao EMG.
O cardiotacômetro, que fornece apenas a taxa de batimento
cardíaco trabalha com uma faixa ainda mais estreita:8-24Hz ou ainda 12-21Hz.
Existem monitores cardíacos portáteis e alimentados a
bateria, monitores usados em centros cirúrgicos e UTIS e monitores que usam
telemetria, além de sistemas mais complexos, como monitores de arritmias
cardíaca e cardioversores cujos projetos incluem monitores cardíacos. O uso
mais comum de monitores cardíacos é em UTI de hospitais.
A seguir serão
comentados alguns componentes e circuitos comuns aos eletrocardiógrafos
(diagnóstico) a ao monitores cardíacos.
Eletrodos
Os eletrodos de ECG são feitos normalmente de prata clorada,
sendo o contato elétrico com a pele aumentado com o uso de gel eletrolítico a
base de cloro. Tipos mais comuns: (a) sucção, usado em ECG diagnóstico, para contato no peito; (b)
placa, usado em ECG diagnóstico, para contato nas extremidades; (c) descartável
(adesivo), usado em ECG diagnóstico de esforço, em situações de emergência e
monitoração de longa duração (UTI, Holter), para contato no peito.
Antes da aplicação do gel condutor e fixação do eletrodo,
apele deve ser limpa, retirando-se vestígios de suor e gordura e eventualmente
de pelos. Os eletrodos de placas são mantidos no lugar com tiras elásticas.
Na figura 12 são representados os tipos mais comuns de
eletrodos e a seguir são mostrados detalhes de eletrodos de sucção e conectores
de cabos de eletrodos:



Seletor se derivação
A seleção de derivação pode ser feita mecanicamente (através
de chaves) ou por “software” (algoritmos de controles, via computador).
Normalmente o seletor inclui a central de Wilson (já mostrada na figura 7),
formada por resistores que permitem obter sinais das extremidades igualmente
balanceados; a partir dos quatros eletrodos de extremidades, obtêm-se as
derivações aumentadas a partir dos
eletrodos precordiais, as demais derivações.
Circuitos de proteção
Não só o paciente deve receber atenção quanto à exposição a
tensões ou correntes elevadas: os amplificadores e demais circuitos eletrônicos
sensíveis precisam ser protegidos.
Situações de maior risco:
-
uso
de desfibrilador no paciente;
-
paciente
tocar alguma área energizada (110v ou 220v).
os circuitos deste bloco devem proteger o equipamento de
tensões até 5 Kv.

A lâmpada néon (ou um GTD, tubo de descarga a gás) após sua
ionização, oferece um caminho de baixa resitência ao terra para transientes
altos e os capacitores, para transientes mais baixos.
Os resistores limitam a corrente e atenuam a tensão
elétrica.
Os diodos limitam a tensão em +/-10V na entrada dos
amplificadores operacionais A1 e A2. os diodos zener, limitam a tensão na saída
de A3 (do circuito da perna direita), evitando que transientes altos de tensão
conduzidos através do corpo, cheguem ao amplificador.
O centrelhador, na presença de transientes elevados, como o
de uma descarga de desfibrilador, coloca momentaneamente em curto os terras
isolados, para evitar que correntes de fugas altas atravessem o transformador
isolador e alcancem os circuitos eletrônicos.
Pré – amplificador
É constituído por amplificador de instrumentação (a), que
alia alta impedância de entrada (dois buffers na entrada) com alta rejeição de
modo comum “CMRR” (amplificador diferencial). O ganho é limitado para prevenir
saturações pelos níveis DC na entrada:

O segundo estágio é um amplificador com
filtro passa-faixa (b) que estabelece o ganho final e a resposta em freqüência
do equipamento:
-
passa-altas
(PA): definido pelos valores do resistor R6 e do capacitor C1
-
passa-baixas
(PB): definido pelos valores dos resistores e capacitores R8- C2- R4-C3
A faixa de freqüência deve eliminar os
ruídos ambientais e biológicos sem distorcer o sinal
de ECG. Valores típicos para essa faixa
são:
-
0,5 a 40 Hz para monitoração;
-
0,01
a 150 Hz para ECG diagnostico.
A utilização de filtros ocasiona algumas
modificações no sinal, que podem comprometer o diagnóstico. Nas figuras 15 e 16 a seguir, são mostrados o
espectro de freqüências componentes do ECG e o efeito de filtração incorreta
(filtros PA e PB mal ajustados ou defeituosos) no traçado, respectivamente.


Circuitos de isolação elétrica
A melhor proteção contra corrente de fuga
é a isolação elétrica. A isolação elétrica é uma consideração muito importante
nos equipamentos eletromédicos. As formas são muito restritivas em relação à
passagem de corrente elétrica pelo paciente:
-
corrente
máxima tolerada antes de por o paciente em risco – 10 μA. (60Hz)
-
a
sensibilidade do corpo diminui com a freqüência: corrente máxima tolerada sobe
para 1mA se a freqüência for maior que 100 kHz.
-
São
utilizadas diversas técnicas para assegurar o isolamento elétrico do paciente
em relação à rede, dentre elas a de
isolação óptica, indicada na figura 17

-
técnica
simples, barata, mas não linear – a compensação da não-linearidade é obtida
através de D1, que deve ser
idêntico a D3:
se D1 = D3 = I3. como i1=
V1/R1, e i3 = V0/R1,
então V0 = (R1/R1)V1
-
o
circuito de isolação elétrica pode ser obtido também com transformador de
isolamento, que constitui uma técnica mais linear, mas depende de eletrônica
mais complexa moduladores do sinal com portadora de alta freqüência,
demoduladores, conversores CA/CC e CC/CA para transmissão de potência).
Características mais importantes de um sistema de isolação
(óptica ou por transformador):
Suportar tensão do desfibrilador (≈ 5kV);
Fuga de corrente capacitiva menor possível pela barreira de
isolação;
Mínima distorção do sinal e imunidade a ruídos.
Detector de falha de derivação
Uma ocorrência bastante comum na prática é o deslocamento do
eletrodo, o escape do fio condutor ou do conector do eletrodo, gel condutivo
insuficiente ou seco. Em cada um destes casos haverá falha na derivação,
aumentando a impedância entre os eletrodos.
O método mais freqüente de detectar esta falha é a medida da
impedância entre os eletrodos, através da resposta do sistema quando um sinal
de baixa tensão e alta freqüência (100 kHz) é injetado no eletrodo. A
impedância normal sob bom contato é de ordem de 102 Ω a 100 kHz.
A freqüência de trabalho (100kHz) é completamente eliminada
pelos filtros do ECG, não interferindo nas medidas nem oferecendo risco para o
paciente.
Restaurador de linha de base
-
a
linha de base do eletrocardiograma pode ser deslocada por um sinal CC
(transitório) que satura os amplificadores.
-
Esta
saturação é em decorrência das elevadas constantes de tempo dos filtros (> 3
s), em resposta ao chaveamento para troca de derivações ou mau contato (mesmo
passageiro) nos eletrodos.
-
É
desejável um circuito que providencie o RESET automático em caso de saturação,
restaurando a linha de base dentro da janela de operações normal de ECG.
Rejeição de marca passo
-
o
sinal do marca-passo é muito breve (5 ms) e com subida muito abrupta ≈ 1 V/μs.
-
No
cálculo da freqüência cardíaca feita num monitor cardíaco, o sinal de ECG é
filtrado para extrair o complexo QRS e então é feita uma contagem do tempo
médio entre estes eventos.
-
Em
pacientes portadores de marca-passo implantado, a saída do marca-passo pode ser
confundida com um batimento cardíaco e falsear as medidas do monitor, além de
poder saturar os amplificadores.
Outros recursos
-
calibração:
um sinal de 1mV pode ser momentaneamente introduzido através do acionamento de
um botão pelo operador. Esta marca no traçado de ECG permite uma avaliação
quantitativa da amplitude dos sinais no momento da interpretação e diagnóstica
pelo médico.
-
Marcador
de eventos: semelhante ao anterior, possibilita ao operador adicionar uma marca
no traçado, para caracterizar algum evento de interesse ocorrido durante o
exame, 999através de outro botão.
-
Registrador
gráfico: dispositivo que registra o sinal em papel. Pode utilizar
diversas tecnologias, sendo mais comum à impressão em papel térmico e o uso de
penas com tinta (alguns modelos têm um suporte para canetas comuns).
-
Papel
é milimetrado, podendo ser uma fita de 6 cm de largura, até usar folhas formato A4
(montadas sobre tambor rotativo). A velocidade pode ser ajustada pelo operador
em 25 mm/s ou 50 mm/s.
-
Microcomputador:
cada vez mais presente em ECG’S, o microcomputador pode controlar toda a
operação do equipamento (software proporciona ao operador opções de derivações,
ajusta ganho, registra dados de paciente, médico, etc., algoritmos para
interpretação do ECG e pré-diagnostico, com reconhecimento de arritmias).
-
Teclado
e display alfanumérico facilitam comunicação com o operador.
-
Alarmes:
luminosos e sonoros, têm significado particularmente importante nos monitores
cardíacos. Devem indicar principalmente se a freqüência cardíaca está abaixo
(bradicardia, parada cardíaca) ou acima do valor normal (taquicardia), os
monitores de arritmia devem ser capazes, através de diversos tipos de arritmia
e a fibrilação ventricular (situação que pode levar a óbito)
Interferência no sinal de ECG
Toda captação de biopotenciais é sujeita a interferências de
outros sinais ambientes e do próprio paciente. Estas interferências são de
diversas naturezas, como está indicado na figura 18 e descrito no texto a
seguir

Fontes biológicas e artefatos
-
potenciais
de pele: a interface pele - gel –
eletrodo pode acumular potenciais de 25 mV. Podem ser reduzidos pela raspagem
ou punção da pele, que elimina a camada superficial de pele morta e no caso da
punção ultrapassa a barreira das outras camadas da pele, aumentando o contato
elétrico. Os potenciais CC também são eliminados por filtros passa-altas.
-
Artefatos
de movimento: são sinais produzidos pelo movimento relativo entre pele e
eletrodo, com modificação da linha de base ou presença de ruído no traçado,
dificultando a sua interpretação.
-
Ruído
muscular: os potenciais de ação da musculatura esquelética (EMG) têm a mesma
faixa de amplitude do ECG, mas com faixas de freqüência maior . podem ser
eliminados com filtros passa-baixas, através da colocação adequada dos
eletrodos e do repouso do paciente.

Interferências ambientais
-
rede
de 60 Hz: interferência por acoplamento capacitivo e indução eletromagnética. É
reduzida pela blindagem aterrada dos cabos das derivações e pela redução do
laço de captação eletromagnética
aspectos de segurança
A norma IEC 601-2-25 regulamenta os aspectos de segurança e
funcionais dos eletrocardiógrafos e a norma IEC 601-2-27 (de julho de 1997) faz
o mesmo para monitores cardíacos. Estabelecem também os testes de conformidade
destes equipamentos (por exemplo, ensaios de medida de corrente de fuga pelo
paciente , d3e proteção contra efeitos de desfibrilação e de recuperação após
os efeitos de uma descarga de desfibrilador).
Ambas as normas estão sob as exigências da norma geral IEC
601-1, que regulamenta os aspectos de segurança em equipamentos
médico-hospitalares.
Aspectos de manutenção
Os eletrocardiógrafos e monitores cardíacos possuem normas
de segurança bastante rígidas que geralmente são seguidas pelos fabricantes.
Por isto, os problemas elétricos são relativamente poucos e estão relacionados
à presença de artefatos e ruídos,
manutenção preventiva mal feita, bem como pelo mau uso do equipamento pelos
operadores.
Causas de ruídos elétricos incluem cabos de eletrodos
quebrados (por causa de quedas, por exemplo), limpeza e preparação da aplicação
de eletrodos mal feita, movimentação do paciente, proximidade dos equipamentos
elétricos defeituosos e linhas de energia, interferência de marca-passo e
outros equipamentos eletromédicos. A maioria dos ECG diagnóstico e monitores
possuem recursos tecnológicos para eliminar ou reduzir tais interferências.
A preparação mal feita da colocação dos eletrodos (limpeza
da pele, dos eletrodos, utilização de eletrodos novos) bem como a conexão dos
fios dos eletrodos no equipamento é comumente relatada. Os eletrodos novos
devem permanecer em suas embalagens fechadas até o momento do uso, para não resseca-los.
A colocação errada dos eletrodos leva à obtenção de traçados
não-confiáveis, podendo deixar de detectar anormalidades do ECG.
Riscos de choques elétricos, inclusive conectando o paciente
diretamente à rede ocorrem quando o paciente é desconectado temporariamente do
monitor e os conectores dos cabos de eletrodos ficam soltos. Há relatos da
ligação destes conectores a áreas energizadas, provocando choque nos pacientes.
O ECRI recomenda que unidades assistenciais de saúde que possuem equipamentos
com cabos de conectores que possam ser ligados em tomadas energizadas (de
monitores de apnéia, por exemplo), os descartem e substituam rapidamente.
Cabos rompidos e, ou mal conectados estão relacionados a
incidentes com choque e queimadura de pacientes sob monitoração cardíaca.
Procedimentos de manutenção preventiva e de verificação
freqüente são indicados pelos fabricantes e adaptados de acordo com a política
de manutenção de cada instituição de saúde.
O FDA (Food and Drug Administration, do EUA), possui um
“desfibrillator Working Group”, que em 1992 estabeleceu um “check list” para
monitores e desfibriladores cardíacos. Um resumo deste “check list” será
apresentado adiante como exemplo de um procedimento de verificação freqüente.
O “check list” tem por objetivo ajudar o usuário estabelecer
rapidamente o estado do equipamento. É organizado de modo que o usuário faça a
verificação visual (passos 1 a
7) a cada utilização ou troca de ambiente do equipamento, para certificar-se de
que o mesmo está pronto para o próximo uso e numa freqüência menor, o teste
operacional (passos 8 e 9), sem pular nenhum passo de importância critica.
“Check list” para desfibriladores/ monitores cardíacos
Passo 1: estado do chassi/carcaça – deve ser limpo, livre de
sujeiras, de pó, de gotas e de
quaisquer objetos
Passo 2: acessórios –checar a presença, a armazenagem
correta e a validade de eletrodos de
monitoração e gel ou outro meio condutivo.
Passo 3: pás- verificar se estão limpas e se podem ser
removidas facilmente, inclusive
adaptadores para uso pediátrico (no caso de desfibriladores)
Passo 4: cabos e conectores – inspecioná-los a procura de
rachaduras ou rompimentos.
Verificar se os conectores estão conectados seguramente.
Passo 5: fonte de alimentação – verificar se o equipamento
está ligado na rede e se o indicador
de
bateria esta ok. Certificar-se de que a bateria de reserva está em ordem.
Passo 6: indicadores de ECG – ligar o monitor e realizar a
“autochecagem” e verificar se o
display do monitor está funcionado.
Passo 7: registrador de ECG – verificar se a unidade tem
papel e tinta suficientes.
Conferir a data indicada no registrador
Passo 8: se houver, inspecionar o marca-passo (seguir
especificações do fabricante).
Passo 9: procedimento de verificação dos ciclos de carga e
descarga (somente para o
desfibrilador).
Passo 10: reconectar à rede de energia.
Os passos do “check list” correspondem a testes
qualitativos. Par os monitores cardíacos e eletrocardiógrafos, devem ser feitos
ainda testes quantitativos, que incluem a verificação dos alarmes (+/- 5 bpm ou
batimentos por minuto, a 40 e 120 bpm) e calibração da medida de taxa (+/- 5
bpm ou batimentos por minuto, a 40 e 120 bpm) (feitas com simulador de ECG),
além das medições de impedância de terra (menor ou igual a 0,5Ω) e de corrente
de fuga (menor ou igual a 300 μA).Á manutenção preventiva cabe limpeza
exterior, ajuste d erodas, lubrificação do “drive” de papel (se for o caso) e a
substituição de baterias e filtros.
Os equipamentos de testes necessários são; um simulador de
ECG, um medidor de corrente de fuga ou analisador de segurança, um ohmímetro
para medir a resistÊncia de aterramento, gerador de sinais e osciloscópio.
BIBLIOGRAFIA
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Press, Plymouth Meeting, 1999. 1 CD-ROM.
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Healthcare product comparison system (HPCS). Physiologic
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Telemetric; ECG Monitors. PA, EUA: ECRI
Press,
Muito Bom Conteudo, preciso e coeso Parabens aos autores.
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